Maria Avelina Fuhro Gastal
Março começou um dia depois. Então, hoje deveria ter sido ontem e assim será nos dias e meses vindouros, até 28 de fevereiro de 2025.
Para os otimistas, o ano bissexto é mais um dia de possibilidades, para os pessimistas, mais 24 horas de chances de dar algo errado.
Para os Alcoólicos Anônimos, mais 24 horas para agradecer a sobriedade, para lutar contra a vontade de beber, para recair, para desistir ou recomeçar.
Para quem recebe no último dia útil do mês, mais juros pelo negativo da conta.
Para quem nasce em 29 de fevereiro, uma chance quadrienal de comemorar o aniversário no dia do nascimento. Nos outros três anos é um arremedo de celebração que tem o evento no vácuo dos anos.
Há quem acredite que ganhamos um dia, outros afirmam que recuperamos o que nos foi suprimido de tempo nos anos anteriores.
Ganhamos um dia antes de ficarmos mais velhos. E, se pudermos escolher o dia de nossa morte, 29 de fevereiro seria uma excelente opção. Ultrapassado o dia, teríamos um escudo de mais quatro anos.
Gostar ou não gostar de ano bissexto é como gostar ou não gostar de horário de verão. Pouco importam as razões, definimos sentimentos baseados no jeito que encaramos as mudanças ocasionais no esquema das nossas vidas.
Em alguns casos, não há certo ou errado. A dualidade está entre as pessoas e suas escolhas, ou em nós mesmos, de acordo com o momento que vivemos. Carne bem ou mal-passada, cenoura crua ou cozida, Inter ou Grêmio, Bom Fim ou Mont’Serrat, frio ou calor, praia ou serra, jazz ou hard rock, dia ou noite são opções pessoais que podem não se limitar a uma só resposta.
Fé, religião, opção ideológica devem ser debatidas como possibilidade de entendimento e avanços, afinal tudo que se torna dogma agride aos divergentes.
Diferenças, dualidades, discordâncias quando reconhecidas, e respeitadas, são desafiadoras. O problema não está nelas, mas na intolerância.
No entanto, há algo que não poder ser tolerado. Não importam as palavras usadas, não interessam as posições ideológicas, ninguém pode aceitar, em nenhum momento da história, em nenhum lugar do mundo, um massacre da população civil como está acontecendo em Gaza. Mortos em bombardeios, em ciladas, de fome, acuados, sem nenhuma possibilidade de defesa. É inadmissível qualquer dualidade. Tem que parar.
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