Maria Avelina Fuhro Gastal
Viver o luto. Viver a dor por uma vida que findou. Viver a ausência cotidiana e a presença que se desfaz em nossa rotina.
Antagônico termos que viver a morte de quem amamos para reencontrar a energia para continuarmos vivos.
Precisamos de conforto, de afago, de acolhimento. Precisamos que a nossa dor pela perda seja reconhecida em palavras, gestos, olhares. Pelo silêncio.
Temos que ressignificar mágoas, ressentimentos. Dar nova dimensão ao amor e à proximidade. Reorganizar lembranças. Transformar em presença simbólica quem já foi presença de fato. Despedirmo-nos de projetos, cumplicidade, expectativas. De sonhos.
Viver o luto exige dos outros alteridade e continência. Exige de nós um despir-se, revelar nossas fraquezas e impotências.
O que muitos estão chamando de luto é apenas tristeza pela derrota ou, quem sabe, raiva pela expectativa frustrada. Pelo menos uma vez, respeitem a dor de quem perdeu familiares e amigos. Silenciem seu ódio, busquem aquilo de humano que esperamos ainda reste em vocês.
Apenas calem-se e permitam que o verdadeiro luto seja, finalmente, vivido.
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