Maria Avelina Fuhro Gastal
Avó, sou de dois. Para Alice, por muito tempo fui “bobó”; para Miguel, há alguns dias, sou “vovó”, com lábios em biquinho e “o” final bem aberto, quase como se cantasse.
Às vezes, meus filhos me chamam de vovó. Sempre identifico afeto e reconhecimento do meu novo lugar na família.
Ouvir a palavra “vovó”, ou algo parecido, é puro encanto. Quase sempre. Quando dito por alguém que ignora meu nome, é ofensivo.
Não sou Vó. Tenho nome, apelidos. Tenho história e vida. Ser chamada de Vó é ter ignorada minha integridade.
Ser avó não me apaga como pessoa. Ter rugas e cabelos grisalhos não elimina a mulher.
Em uma sociedade de culto à aparência, as mulheres têm sido as primeiras a aniquilar a essência da feminilidade. Botox, preenchimento, “style”, paleta de cores valem mais do que experiências, dúvidas e trajetória. Não tenho paciência, mas exijo respeito.
Não lembra do meu nome? Pergunta. Não quer conversar comigo? Cale-se. Seu desrespeito não me fará calar. Eu continuarei falando com aqueles que respeitam vivências e tempo e valorizam opiniões que vão além do último procedimento estético.
Vó não é nome. Ser avó não me define. Ser chamada de Vó por quem não o faz por afeto é ser apagada como mulher e cancelada como pessoa. Não permitirei.
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