É isto um homem?

Maria Avelina Fuhro Gastal

“Não sou santo, sou homem, sou jovem”.

Santo ninguém é; ser homem não é desrespeitar mulheres; ser jovem, aos 35 anos, e se pensar como instrumento de liberação de seus impulsos sexuais é assustador.

O que foi dito como justificativa para os áudios que vão além da classificação de machistas é mais um atestado de total imbecilidade.

Arthur do Val não está só. Youtuber com 2,7 milhões de inscritos no seu canal, foi eleito deputado estadual em São Paulo pelo Podemos com quase 480 mil votos, tendo sido expulso do partido logo após a eleição, membro do MBL, pré-candidato ao governo de São Paulo.

Mamãe Falei é sua alcunha. Falou e deve ser repreendido, punido, calado. Mas, outros falarão por ele. Os mesmos que agridem, esbofeteiam, estupram. Fazem das mulheres objetos a serviço das suas frustrações e impulsos sexuais. Não são poucos. Muitos estão escondidos embaixo da saia das mães ou dos guarda-chuvas endinheirados da família.

A forma como a mulher é vista na nossa sociedade está no número absurdo de feminicídios, na fala de políticos, na conduta de patrões, nos abusos dentro do núcleo familiar.

Alguns pensam ter ele cavado seu próprio fosso. Não tenho essa certeza. E se não for ele, há tantos para ocupar o lugar de macho, que acredita ser o pênis habeas corpus para qualquer conduta.

Seios, bunda, pernas, curvas, cor da pele, pobreza, guerra, maternidade, fome são responsabilizados por um ato em que o único responsável é um homem, apoiado e encoberto por uma sociedade que ainda vê as mulheres como bruxas ou objetos de uso pessoal.

Não questione o Dia Internacional da Mulher. Questione todas as atitudes, inclusive as suas, que mantêm a necessidade de termos um dia que lembre as atrocidades cometidas contra as mulheres. Sem flores, sem declarações de amor. Posicione-se com veemência contra todo e qualquer abuso ou agressão. Mostre a sua cara e não permita que ser homem reduza-se ao lixo que esse Mamãe Falei representa.

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