Clipagem


Maria Avelina Fuhro Gastal

- Desigualdade acelera avanço da pandemia nas periferias. O Globo, 03/05/2020.
- Desmatamento na Amazônia é o maior em 10 anos; Governo Bolsonaro promoveu severo retrocesso na preservação ambiental no Brasil. Jornal Grande Bahia, 21/04/2021
- Polícia procura homem que deu 12 facadas na ex em Jacarepaguá. Expresso da informação, 05/07/2021
- Movimentos negros protestam contra racismo, chacinas e “genocídio sem fim” no Brasil. Zero Hora, 13/05/2021
- Inflação e desemprego tiram arroz e feijão do prato dos brasileiros. FSP, 25/07/2021
- Medo de reações adversas e fake news explicam o número de pessoas não vacinadas. ZH, 24-25/07/2021
- Levantamento da CTE-IRB aponta a precariedade de muitas escolas públicas no Rio Grande do Sul. Correio do Povo, 25/07/2021
- Aquecimento global causará fome e migrações, alerta ONU. Empresa e Negócios. 25/07/2021
- Preços em alta... A fome também. Estado de Minas. 01/08/2021
- Inflação corrói a renda e trabalhadores passam fome. Correio Braziliense. 01/08/2021

As manchetes se repetem. Mudam protagonistas, locais, data, mas preservam a essência. Feminicídios, corrupção, aquecimento global, catástrofes ambientais, ódio racial, desigualdade social, fome, guerras, golpes, inoperâncias governamentais, falta de investimento em Educação. Fazemos clipagens das manchetes e seguimos nossa vidinha.

Reclamamos do frio, do calor, do preço do combustível, da violência urbana, da alta dos preços no supermercado, dos cancelamentos de viagens do Uber. Desvinculamos o nosso dia a dia das manchetes. Não nos julgamos responsáveis por nenhuma das tragédias nelas vinculadas.

O frio vai ser intenso, separamos roupas e cobertores e doamos para a campanha do agasalho. A fome aumentou, contribuímos com cestas básicas ou dinheiro para alguma ação social. Doações de roupas amenizam o frio, mas não erguem tetos nem tapam frestas. Cestas básicas saciam alguns, mas não acabam com a fome. Solidariedade é importante, garantir condições dignas de vida a todos, é imprescindível.

Não há empoderamento feminino sem reconhecimento da violência sofrida pelas mulheres. Não há justiça social sem reconhecimento do racismo estrutural.

Separamos lixo, apagamos luzes, fechamos torneiras, mas apoiamos um governo descomprometido com a questão ambiental.

Ficamos chocados, nos indignamos, às vezes, com algumas manchetes e bradamos não gostar de política. Votamos como quem escolhe a rainha da primavera ou o líder da turma. Não pensamos na sociedade que queremos. Agimos como inconsequentes, deixamo-nos ser influenciados, optamos por ignorar sinais claros de homofobia, de racismo, de ataque à democracia, de autoritarismo.

Em cada manchete tem a marca da nossa digital, por conivência ou omissão. Então, melhor fechar o jornal, escolher a roupa do dia, reclamar do frio ou do calor, do trânsito, do Uber do que ter que encarar a merda de cidadãos, e de pessoas, que somos.

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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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