Por um abraço


Maria Avelina Fuhro Gastal

Abraço dispensa palavras. Nele encontramos conforto, carinho, apoio, ternura; nele esquecemos receios, saudades, ausências, dores, inseguranças. Não são os braços que abraçam, são os sentimentos.

Estar em um abraço requer entrega e confiança. Abraçar exige despojamento, despimo-nos das resistências, do controle e nos permitimos estar com o outro, recebê-lo sem as armaduras que nos protegem.

Sempre fui péssima em abraços, faltava-me coragem para o desnudamento, sobrava medo de tornar-me transparente e não conseguir conter emoções.

Há dois anos estamos esvaziados do outro. Não vemos nem o sorriso escondido por máscaras. Os olhares carregam temores, saudades; neles vislumbramos, também, alegrias fugazes e perseverante esperança.

Persistimos. Para que haja sentido, precisamos sair diferentes, soltar amarras, mergulhar nos momentos, transpor os medos que ergueram nossas barricadas.

Lamento todos os abraços que não dei e todos aos quais não me entreguei.

No meu novo normal correrei o risco de todos os abraços. Só então terei certeza de ter sobrevivido e de ter valido a pena tantos afastamentos.

Finalizo sem mandar para vocês um abraço, pois em palavra ele se desfaz. Desejo, para todos nós, que ele se dê em essência, o mais breve possível, para acolhermos e sermos acolhidos em abraços prolongados, reconfortantes e há tanto contidos.

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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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