Maria Avelina Fuhro Gastal
Chegamos ao último dia do mês de março de 2021 com a sensação de estarmos aprisionados a março de 2020.
Anos, meses, dias, horas, minutos e segundos são limites impostos para nos lembrar de tarefas, compromissos, prazos, estabelecendo limites e controles a nossa vida.
O calendário não nos deu trégua. Contas e impostos continuaram vencendo, datas comemorativas existiram sem confraternizações, datas como o dia 31 de março continuam a nos lembrar, e aterrorizar, pelo seu significado e ameaça. O ano mudou. Ganhamos um ano na contagem de nossas vidas, diminuímos em um ano as possibilidades do que ainda viver. Ainda assim, nos sentimos presos a março de 2020.
Tempo não é dinheiro nem trabalho. Não é prazos estourados nem boletos a vencer. Não é uma data qualquer que se repete a cada ano.
Perdemos a noção dos dias. Eles vêm sendo marcados por curvas, gráficos e tabelas com o número de infectados pelo coronavírus, de mortes por Covid, de índice de transmissão do vírus.
Tempo é vida. É tudo aquilo que foge ao controle que nos é imposto. Tempo é ciclo. É vivência, encontro, reencontro, aventura, descoberta, experiência, liberdade. Não se sujeita a marcações, expande-se em prazer ou dor que não obedecem a calendário.
Estamos presos a uma dor de ausências e impossibilidades, a uma espiral de mortes e descaso.
Perdemos o tempo da vida, estamos mantidos no tempo administrado.
Resta-nos sobreviver para voltar a viver, valorizando a natureza, as pessoas, a Ciência, a luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Resistiremos e teremos de volta o tempo. Façamos dele nosso parceiro.
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