Aos professores, com respeito


Maria Avelina Fuhro Gastal

Vamos de mal a pior. Escolas fechando, educação que não ensina, ciência negada, universidades ameaçadas, Paulo Freire demonizado.

Não culpem os professores. Não os critiquem por quererem ser mais bem remunerados, não ignorem quando denunciam a falta de condições em escolas, não esqueçam das horas extraclasse preparando aulas, corrigindo provas e trabalhos.

No Dia do Professor não homenageiem dizendo que sem eles não haveria médicos, advogados, juízes, engenheiros, arquitetos ou qualquer outra profissão idolatrada pela sociedade. Reconheçam o valor do professor como profissão em si.

Escolher ser professor em nosso país é um ato de coragem. Muitos de nós descartamos essa escolha projetando um futuro de salário baixo, desvalorização profissional e poucas perspectivas de reconhecimento e satisfação.

Não há possibilidade de um futuro mais igualitário sem o investimento pesado em educação. Prioridade em qualquer política pública governamental em todas as esferas, salários justos aos professores e servidores de escolas, qualificação profissional permanente deveriam ser pautas de todos nós. Mas preferimos ocupar trincheiras que miram nos professores, nos tornamos inimigos deles e perpetuamos a estrutura que mantem a desigualdade no país.

Tive ao longo da vida, e ainda tenho, professores maravilhosos, comprometidos, que demonstram satisfação em conduzir o aprendizado. Também aqueles que pareciam ter como único prazer um sentimento sádico para humilhar alunos. Aos primeiros, sou reconhecida de uma forma que jamais encontrará meios suficientes para se manifestar; aos segundos, agradeço por me mostrar tudo que eu jamais quis ser na vida. Aos mestres, minha gratidão. Aos abomináveis, meu sonoro danem-se.

No Dia do Professor, mais do que homenagear determinadas pessoas, deveríamos enaltecer a escolha, a profissão, valorizar quem é decisivo para a construção de possibilidades em nossas vidas.

De minha parte, assumo que faltou coragem para fazer a opção pelo magistério. Triste a nação onde para ser professor precisa-se de coragem para renunciar a uma vida estável, de reconhecimento do valor profissional.

Há muito tempo não existem motivos para comemorar o dia 15 de outubro. Maçãs, posts, crônicas, cartões acarinham, mas não resolvem o problema.


Parabenizar pelo Dia seria incongruente; me solidarizar, insuficiente. Não há o que dizer.

Aos professores, todo o meu respeito.





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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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