Maria Avelina Fuhro Gastal
Doze de outubro não é o Dia das Crianças. Só de algumas delas. Da criança que faz parte da minha, da sua, da vida de todos aqueles que tem salário digno, cartão de crédito, moradia adequada e possibilidade de sonhar.
Doze de outubro. Mais uma data para presentearmos as nossas crianças com roupas e brinquedos que se juntarão a incontáveis outros esquecidos naquele monte de carrinhos, bonecas, panelinhas, legos, bolas e quinquilharias que entulham quartos, salas e todo qualquer canto das nossas casas. Será que elas chegam a desejar algo? Talvez não dê tempo. Some-se ao dia das crianças o Natal, a Páscoa, o aniversário, a fada do dente, o mimo dos avós e tios e elas aprendendo, desde sempre, que cada um desses eventos representa apenas pacotes para desembrulhar.
Quando é o dia daquela criança que mora nas ruas? Da que faz malabarismos desajeitados na sinaleira? Da que nasce sem futuro, sem perspectiva, tendo como presente apenas o abandono e a indiferença?
Quando é o dia daquela criança que sente pânico ao ver um helicóptero, assalta, usa arma, é explorada pelo tráfico de drogas, alcoolizada ou viciada em drogas, que nem o direito de ser chamada de criança tem e passou a ser menor?
Quando é o dia daquela criança que não faz parte das nossas vidas?
Doze de outubro é também o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Se você tem fé, pelo menos reze por toda e qualquer criança. Crentes, agnósticos, ateus, cada um de nós pode fazer muito mais, mas estamos por demais ocupados comprando o presente para as nossas crianças.
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