Modo Pollyanna ativado


Maria Avelina Fuhro Gastal

Estivesse minha mãe viva, morreria de orgulho ao ver uma crônica minha com Pollyanna no título.

Durante a minha infância e adolescência a campanha para que eu incorporasse a minha rotina “O jogo do contente” era intensa. Não que eu fosse pessimista, mas meu jeito de enxergar a realidade não correspondia ao “script” familiar.

Rever o ano de 2024 me obrigou a entrar no famigerado jogo para não me escabelar.

Nem estou falando das guerras pelo mundo, da crise climática, do crescimento da extrema direita, da vitória do Trump. Foco na minha vida ao longo do ano, aplicando a regra do Jogo, sempre tentando ver o lado bom das coisas.

O ano começou leve. Uma semana com uma amiga em uma pousada em Torres, maravilhosa. Muitas caminhadas, risadas, cafés, sorvetes zero açúcar, conversas, filmes, livros, piscina e mar.

No finalzinho de janeiro (dia 27), um degrau minúsculo fez alavanca no meu pé esquerdo e, pimba, fratura na base do pé. Oito semanas de robofoot, verão em casa, de perna para o ar. Por sorte, não houve deslocamento do osso e não precisei de cirurgia. E mais, evitei os raios de sol intenso, portanto diminuí os riscos de câncer de pele.

Em abril, livre da bota, comecei a fisioterapia, retomei as caminhadas. Fiz uma contratura severa do isquiotibial da perna direita. Que bom que já estava em fisioterapia, resolvia dois problemas em um só local. Há duas semanas tive alta, sete meses depois. Eba! Nem chegou a um ano.

Demorou um pouco mais a alta porque em maio tive que suspender o tratamento. A cidade alagou. Saí de casa com uma mochila para três dias, fiquei vinte e dois dias fora. A água não chegou no meu apartamento, só até o primeiro andar, moro no segundo. Saí a tempo, de carro, não precisei ser resgatada de barco em pleno Menino Deus. Na volta, o cheiro da geladeira (repleta) e de esgoto vindo da rua, me deixaram um pouco enjoada. Ainda bem que a geladeira não queimou, consegui exterminar o cheiro depois de algumas semanas e, embora nauseada, não vomitei.

Retomei a rotina temendo as chuvas. Mas agora já tinha experiência. Se precisasse sair, já tinha uma mochila pronta e, com certeza, esvaziaria a geladeira.

Em agosto, pingos caíram na minha cabeça no banheiro do meu quarto. Um vazamento. Só precisou quebrar um pedaço do gesso do teto no box. Para refazer o gesso, deveria esperar um mês, quando já deveria estar seco. Em setembro fiz contato com o gesseiro. Entre marcações, remarcações, esperas de dia inteiro em casa sem que ele viesse, finalmente em final de novembro, ele veio. Ficou perfeito. Voltaria em cinco dias para pintar. No quarto dia, começou a pingar de novo. Ainda bem que eu não tinha pintado ainda. Recomeça tudo. Não eram mais alguns pingos, era chuva de encher três bacias, um balde e uma jarra. Fico feliz por ter tantos utensílios para espalhar pelo banheiro. Já foi identificado o problema, não pode ser resolvido pois o comércio não tem a peça necessária. A previsão de chegada é em janeiro. Que bom que falta menos de um mês. Até lá, basta manter o registro da água quente desligado. Por sorte é verão. Imagina banho frio há alguns meses. Mais sorte ainda, como não pinga com o registro fechado, posso usar o balde para colocar a água que esquento na chaleira elétrica e misturar com a água fria que sai da ducha. Terrível seria se eu não tivesse luz ou gás para esquentar a água.

Lembra daquela alta da fisioterapia? Pois, então. Dois dias depois, estava no quilômetro seis da minha caminhada (a dois km de casa) e pisei na tampa de um dos tantos bueiros da nossa bem cuidada cidade e ele estava solto. Para não machucar o pé da fratura, coloquei toda a força na perna e no joelho para não torcer o pé. Salvei o pé, mas fiz uma pequena fissura na tíbia. Muito pequena, nem precisei cirurgia ou imobilizar. Nada aconteceu com o menisco ou ligamentos. Sou muito sortuda. Só preciso tolerar a dor que já foi bem forte, agora só dói para me levantar de uma cadeira ou sair do carro. Deve doer só por mais uns dez dias, cada vez menos. Que alegria. Se eu permanecer em pé, posso evitar algumas dores.

Li que Mercúrio retrógado não seria bom para o signo de Gêmeos. Poderia ser pior, caso fosse toda uma constelação retrógada. Melhor ainda, o último Mercúrio retrógado acabou. Agora, só alegrias.

Dulcema, me desculpa. Pollyanna e seu Jogo do contente que se explodam. Que merda de ano esse 2024. Por sorte, está no fim. Saravá.


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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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