Apenas parem


Maria Avelina Fuhro Gastal

Se você é homem e não está estarrecido, revoltado, envergonhado com as denúncias de assédio e abuso sexual cometidos pelo, então ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, ou você é um abusador ou tem potencial para ser.

Se você é mulher e procura na vítima os motivos para o abuso, lembre-se de que é alvo, assim como suas amigas, filhas, netas. De alvo à vítima, também recairão sobre você (e elas) todas as acusações que agora você replica.

Quem define o abuso é a vítima. Entre o sentir-se abusada e poder falar sobre isso há o tempo interno, repleto de vergonha, culpa e medo. Ele não pode ser medido pela régua da opinião alheia. O abuso é destrutivo. Não importa o grau, é sempre esmagador.

Abuso não é sedução. Sedução é um jogo recíproco, em que o olhar é de desejo, não de cobiça, as palavras são de aproximação, não de constrangimento, o toque é permissão, não agressão, o encontro é entrega, não invasão.

Não há nenhuma possibilidade de atenuante em uma situação de abuso. O abusador sempre se utiliza de uma posição de poder. É subjugar por posição hierárquica, social, de parentesco, de gênero.

O falocentrismo nos enxerga como inferiores, passíveis de atender às vontades masculinas. O macho escroto vê a mulher como objeto de sua satisfação, mais nada. Ela que atenda o meu querer, que lave, que cozinhe, que ganhe algum dinheiro, que limpe a casa, que cuide dos filhos, que me satisfaça, que aceite minha mão no seu corpo sem reclamar, que abra as pernas sempre que eu quiser, que fique calada.

Denunciados, os abusadores questionam nossa moral, nosso silêncio prolongado, nossa imobilidade frente à agressão. Tentam fazer de nós cúmplices do crime deles. E muitos aplaudem.

Abusadores não se definem por ideologia política, classe social, cor da pele, grau de instrução. Eles estão entre nós, no colega de trabalho, no vizinho, no companheiro de festas, no marido, no pai, nos irmãos, nos tios, nos avós, nos professores. Transitam em uma sociedade que os defende ao ignorar sinais e denúncias.

A premissa básica é NÃO. Vocês NÃO têm direitos sobre o nosso corpo. Isso só o verdadeiro homem entende e respeita. Os demais são criminosos.

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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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