Maria Avelina Fuhro Gastal
Primeiro de maio. Dia do Trabalhador.
Dia de todos aqueles que:
- constroem casas e apartamentos que jamais terão condições de comprar,
- varrem as ruas, muito distantes daquelas em que moram, sem jamais tê-las sujado,
- recolhem o lixo mal acondicionado que não produziram,
- consertam ou dirigem carros que nunca terão,
- cozinham e alimentam filhos que não são seus,
- arrumam camas onde não dormiram, limpam banheiros que não têm permissão para
usar, limpam casas que não as suas,
- acordam muito cedo, sacodem em ônibus atulhados de gente por longo trajeto para
ir e para voltar, sem que o deslocamento conte como horas de trabalho,
- preparam aulas, corrigem provas, avaliam trabalhos sem remuneração pelas horas
dedicadas às tarefas.
Primeiro de maio. Dia do Trabalhador.
Há os que nem folga têm. Vários mantêm serviços essenciais funcionando, outros
cumprem escalas de plantões, muitos estão à disposição dos mais abastados, caso decidam
fazer suas compras no feriado, se quiserem, ou se optarem por algum entretenimento.
Primeiro de maio. Dia do Trabalhador.
Todos os outros, dias do trabalho, dos empregadores, do Capital, do Mercado, do lucro.
Dias em demasia para nos fazer acreditar que só o trabalho dignifica, omitindo a
indignidade na exploração da mão-de-obra, nos baixos salários pagos, na incerteza da
manutenção do emprego, na desvalorização do trabalhador, na falta de investimento em
qualificação profissional e benefícios sociais.
Primeiro de maio. Dia do Trabalhador.
Estamos muito longe de poder comemorar a data.
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