Maria Avelina Fuhro Gastal
Cheque especial, Visa, Credicard. Saio do verão sem nenhuma dívida. O verão é que foi embora me devendo.
Cada estação tem em torno de 12 semanas. Desde 22 de dezembro, passei uma semana na praia, com chuva, vento infernal e frio, voltei para uma semana de sol e calor em Porto Alegre, mais uma semana de sol e calor na praia, no retorno, uma semana de virose, destruída, normalidade até sábado da semana seguinte, quando fraturei o pé, 4 semanas de bootfoot até para dormir, mais 3 semanas da bota para qualquer saída, finalmente, uma semana sem a bota, mas com saída para a rua ou atividades físicas proibidas. Nessa semana, trocou a estação.
Se o verão é para pisar na areia, tomar sol, viajar, curtir atividades na rua, caminhar sem se enroscar por frio, alimentar a vitamina D, ele me deve 11 semanas.
De novo a sensação de tempo roubado. Não bastassem os anos da pandemia, quando tudo virou sempre o mesmo, acrescento a esse período mais dívida impagável.
A única coisa sempre presente foi o calor escaldante, enfrentado de meia e bootfoot, preocupada com o valor da conta de luz.
Vivemos com expectativas. Cada estação promete algo e nos agarramos à promessa para ressignificar dias iguais. Esquecemos que há degraus, mesmo mínimos, que nos derrubam e, sem nenhum aviso prévio, precisamos rever aquilo que tínhamos como certo.
Não há certezas. Nossos planos são possibilidades, não decisões. Nem por isso devemos parar de sonhar, de querer, de planejar. Se precisar, enfrentar as mudanças. Muitas vezes são chatas, limitantes e nos deixam à deriva. Temos o direito de nos queixar, de reclamar, de azedar um pouquinho, mas se tornamos isso a nossa maneira de viver, já não importa o ocorrido, melhor refletirmos sobre a nossa necessidade de não estar bem.
Tenho planos para a nova estação. Amo o outono. Aos poucos, vou retomar minhas atividades físicas, vou calçar algo além de tênis, vou fazer as caminhadas, em um ritmo e distância percorrida menores, sempre procurando no chão o tapete formado pelas folhas de plátano que tanto me encantam.
E o verão de 2025 que me aguarde.
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