Maria Avelina Fuhro Gastal
Há de chegar um tempo em que o dia 07 de março será véspera de um dia qualquer.
Neste tempo, nossos corpos serão desejados, mas não violados. Não seremos apenas carne passível de ser “comida”.
Não teremos nossa autoestima minada por comentários ferinos de quem nos quer destruídas e, portanto, incapazes de reagir.
A medida de quem somos não estará na circunferência dos quadris e cintura, no tamanho e posição dos seios, no formato de nossas coxas, nos quilos da balança. A justa medida estará em nosso caráter, nossa capacidade.
Não seremos princesas nem bruxas. Nem loucas ou descontroladas.
Nosso choro não será fraqueza nem nosso riso, histeria.
Não será devassidão o nosso desejo.
O mundo será nosso lar.
Nosso NÃO será ouvido. Nosso SIM compartilhado com afeto mútuo.
Não seremos posse, mas parceria.
Não seremos mortas por quem diz nos amar.
Seremos livres para sermos o que somos. Sem data para amplificar a denúncia pela violência cotidiana, pela dureza de ser mulher em um mundo que nos vê como objetos.
Há de chegar este tempo. Que seja antes de voltarem a nos queimar em fogueiras.
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