Maria Avelina Fuhro Gastal
Há oito dias, encerramos 2018. As sequelas permanecem. Como em toda experiência abusiva, precisaremos de muito tempo para superar a destruição, a morte, a desesperança, o medo, a insegurança.
Hoje, “patriotas” invadiram as sedes dos Poderes federais. Desrespeitam a Constituição, agem seguros da impunidade, com a conivência daqueles que têm como missão constitucional defender o país, o patrimônio e a segurança nacional.
Lembrei do lobo fantasiado de vovó. Pensei em quantos chapeuzinhos vermelhos serão devorados antes de se darem conta que alimentam e apoiam o monstro, que não terá escrúpulos para atacá-los.
O discurso para armar os “cidadãos de bem” não titubeará em mirar nos moradores da Cruzeiro, da Bonja, da Restinga ou de qualquer outra comunidade periférica em qualquer canto do Brasil. Fará mira contra os pobres, os pretos, os indígenas, os gays ou contra qualquer um que não tenha o privilégio de classe e de cor que eles consideram dignos do país.
Temos muito a aprender. Precisamos reconhecer os sinais que apontam para o horror. Eles estavam presentes na campanha presidencial de 2017 e nunca foram escondidos nos quatro anos de poder. O monstro foi alimentado pelo voto e pela ignorância.
Votar não é para amadores. Precisamos nos tornar cidadãos. Não queremos ser, nem apoiar, um bando de patriotas enrolados em bandeiras nacionais, atacando as instituições democráticas. Nossa ignorância contribui para isso. Enquanto não conhecermos a história, enquanto nos acreditarmos descobertos e não colonizados por Portugal, enquanto nos referirmos aos negros como escravos e não como escravizados, enquanto pensarmos que igualdade e justiça social são papo de comunista, enquanto enxergarmos ameaça comunista em tudo sem nem ao menos saber que comunismo tem a ver com meios de produção e não com nossa casa na praia ou quarto extra em casa, enquanto não dermos nome de Golpe Militar ao movimento de 64 que instaurou uma longa ditadura militar no país com uso de tortura, estaremos fadados a alimentar o lobo que irá nos devorar.
Exercer a cidadania vai além do voto. É dizer não a toda a forma de barbárie, ameaça e vandalismo contra as estruturas do Estado Democrático. É reconhecer que todo o ato é político e o mais pernicioso é o da omissão.
Tivemos quatro anos saqueados, roubados, achincalhados. Resistimos de mãos dadas. Agora, precisamos que as medidas sejam efetivas contra ataques terroristas aos Poderes, orquestrados por um fugitivo e financiados por seus seguidores.
Não há espaço para anistia. Não aceitamos que crimes contra os cidadãos e a democracia sejam perdoados.
Não somos patriotas. Somos cidadãos. Independente da ideologia, esquerda, centro ou direita, defendemos uma Nação soberana que respeite a cada um de nós e reconheça nossa história e valor.
Basta. 2018 não será perpetuado. O Brasil não merece essa desgraça e nós, CIDADÃOS, não permitiremos que nos joguem na lama de novo.
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