Maria Avelina Fuhro Gastal
Domingo, 30 de outubro de 2022, quase 17 horas. Nas urnas, o nome daquele que irá governar o país a partir de janeiro de 2023.
O Brasil mostrou a sua cara. E ela não é a que propagávamos. A máscara despencou e a monstruosidade perdeu a vergonha de se mostrar.
Teremos que conviver com as culpas por atrocidades cometidas e pelo nosso silêncio conivente.
Somos bélicos. Aceitamos apologia à tortura sem punir quem a defende. Negamos a dívida histórica com os negros escravizados e seus descendentes, bradamos pelo nosso privilégio branco.
Povos originários são desconsiderados e a sua cultura, tradição e vida, aniquiladas.
O Sul e o Sudeste se pensam europeus, desdenham nordestinos, exploram nortistas e tomam conta do Centro Oeste. São colonizadores vorazes.
O verde de nossas matas, arde. E nós, calamos, viramos o rosto, mudamos o canal, matamos ambientalistas. Tudo sem remorso.
A fome não nos sensibiliza. Atiramos moedas nas sinaleiras como quem alimenta animais em jaulas. Moedas que não matam a fome das pessoas enjauladas na miséria.
Em nome de Deus, perseguimos, criticamos, punimos, matamos.
Armas ocupam discursos e as mãos no lugar dos livros e da Educação.
Estamos tristes, cansados, amedrontados. O Brasil sangra. Nossa história, domesticada.
Nossas fraturas estão expostas. Precisam ser tratadas ou a infecção consumirá, ainda mais, nossa humanidade.
Em 522 anos, nunca nossas mazelas estiveram tão escancaradas. O que seremos como país e de que forma trataremos as feridas, dependem do que as urnas nos disserem.
O texto já estava escrito, mas não publicado, quando começaram as denúncias sobre operações da Polícia Rodoviária Federal que estão dificultando a chegada de eleitores às urnas.
Não temos como medir o impacto desse crime no resultado das eleições.
Enrole-se em verde e amarelo, envergonhe nossa bandeira. Vocês fazem do nosso país uma ditadura vergonhosa.
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