Maria Avelina Fuhro Gastal
Da sinaleira fechada, apontei para a minha neta o colégio onde iria votar. – “Mas ele não funciona mais, né vó?” Funciona, sim. É uma escola pública.
Na sessão eleitoral poucos na fila. Pude explicar para a Alice onde ficava a urna, a localização dos mesários e explicar como eles identificam os eleitores e liberam a urna para a votação.
Chegada a minha vez, ela acompanhou todo o processo e foi autorizada a ficar ao meu lado na cabine de votação, desde que eu digitasse os votos. Fui digitando e explicando para ela cada etapa.
Quando entramos no carro, ela apenas disse “eu gostaria de poder reformar esse colégio”. A partir daí, nossa conversa se deu sobre o público e o privado e qual a importância do nosso voto para a sociedade.
Pelo caminho mostrei a ela outras escolas públicas, o Hospital de Clínicas, o Centro de Saúde, falei sobre o SUS. Ela, com seus oito anos, olhava atenta para tudo como se estivesse enxergando um novo mundo no caminho de todos os dias.
Em 2022, numa eleição que define o país que somos, ter tido a possibilidade de mostrar para a minha neta que política está em nosso dia a dia, que votar é expressar a forma como pensamos a sociedade e fazer escolhas que vão além do lugar que ocupamos no mundo, e que há diferentes formas de se pensar em alternativas, mas que é imprescindível a garantia de liberdade de manifestação da vontade popular, fez deste 2 de outubro ainda mais significativo para mim.
Talvez, daqui a alguns anos, quando Alice votar pela primeira vez, ela lembre dessa nossa experiência. Para mim, será inesquecível. Mais uma geração de mim construindo a ideia de que voto não é dever, mas direito. Política está na vida, cidadania se constrói com informação e vivência. Escolhas só serão livres se cada um de nós puder optar considerando o que vai além de nós mesmos.
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