Sosseguem Dinossauros


Maria Avelina Fuhro Gastal

Relaxem. Nenhum de nós é cringe. Essa briga geracional nem passa por nós. É um embate exclusivo entre a Geração Z (nascidos entre o final dos anos 90 e o ano de 2010) e os Millenials (nascidos entre 1980 e 1996).

Os quarentões também estão de fora. O conflito geracional deles tem duas vertentes: a descendente, lidando com o crescimento dos bebês bochechudos e risonhos que mostram dentinhos e garrinhas, e a ascendente, tentando evitar todos os erros que imputam a nós enquanto pais e repetindo muitos deles na hora do desespero.

Depois dos cinquenta, não há conflito geracional. Somos todos Geração Dinossauro, em fase de extinção. O que fizermos, vestirmos ou falarmos será excentricidade, sem noção ou demonstração de estarmos gagás.

Os filhos já cresceram, saíram de casa (assim esperamos), tomaram rumo ou estão em busca de caminhos. Tarefa deles, não nossa. Já os alimentamos, educamos, repreendemos, apoiamos. O término do crescimento é competência deles.

Se quisermos, usaremos cabelo repartido para o lado, sapatilha bico redondo, calça skinny, afinal, já usamos cabelo pigmaleão, calça boca de sino, brilhantina no cabelo, meia lurex, cacharrrel e sobrevivemos até aqui.

Gosta do café da manhã? Tome. Se tiver quem a mime, tome na cama, se quiser mimar, leve o café na cama. Está muito frio? Embolem-se nas cobertas e deixem rolar.

Boletos? Pague os seus. O dos filhos, é problema deles. Gostou da pantufa apeluciada? Compre. Use com meias coloridas e legs ou com calças de abrigo e camisetões velhos. Inove. Arrisque. Ridículos já nos acham, então fiquemos confortáveis.

Já transpusemos muitos desafios. Quem esquece do tempo que levava para aquecer as válvulas e a televisão começar a funcionar? Às vezes, só no soco. Se você é da geração em que o Jorge era Ben e a Sandra era Sá, sabe do que estou falando. E “a,s,d,f,g,h” da máquina de escrever, datilografado com quatro dedos da mão esquerda, mesmo que eles fossem curtos e exigissem contorcionismo manual, enquanto o polegar ocupava-se da tabulação de espaço entre as palavras? Cópia, com papel carbono, delete era com corretivo. Hoje, lidamos com teclados, celulares, controles remotos. Mesmo que não utilizemos todos os recursos disponíveis, dominamos aqueles que nos convêm.

Estamos todos no mesmo barco. Sem pressa de chegar ao destino. Um pouco mais, e os quarentões estarão a bordo, enquanto os Millenials estarão em conflito geracional com os filhos e memórias paternas, e a Geração Z estará se defendendo das críticas dos que os sucederem.

Só o tempo nos confirma que “depois de nós virá quem nos vingará”.

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Maria Avelina Fuhro Gastal

E-mail: avelinagastal@hotmail.com

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