Maria Avelina Fuhro Gastal
Máscara, álcool em gel, isolamento social, distanciamento nas poucas vezes em que preciso sair têm cumprido o seu papel e não fui contagiada pelo coronavírus. Levo a sério a Ciência e o conhecimento adquirido pela humanidade no enfrentamento de outras pandemias.
Não fui contagiada, mas estou contaminada pelo momento, pela situação desesperadora de grande parte da população, pelo caos e pela perversidade tão desmascarados na sociedade.
Toda folha em branco é um desafio, e a contaminação vence. Quero dar a vocês um texto leve que relaxe, traga um respiro, tire vocês da possível angústia. Não encontro o caminho. Parece que as possibilidades de brincar, debochar, rir sem compromisso são um desrespeito à tanta dor que nos cerca.
Ninguém está bem. Estamos adaptados. E isso é péssimo. Moldamos nossa rotina a uma realidade diversa do que seria vida para nos mantermos vivos. O que sentimos não cabe mais nas palavras que se tornaram vazias, não há nelas a intensidade do que enfrentamos.
Entre as ausências, vamos nos agarrando a detalhes para continuar a sorrir, para tentar acreditar, para dar sentido a cada novo dia. Vou buscar nessas frestas a inspiração para novos textos, isolar a contaminação, transformar adaptação em ganhos.
Leveza não é negacionismo. É sobrevivência para encontrar forças e derrotar tudo o que nos ameaça: o vírus, a perversidade, a indiferença, o sadismo, o egoísmo e tudo o mais que vem nos aniquilando.
Um dia, consigo.
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