Maria Avelina Fuhro Gastal
Admiro quem tem fé.
Admiro quem, tendo fé, faz dela instrumento de seu crescimento espiritual e pessoal.
Admiro quem, pela fé, tendo crescido espiritualmente e como pessoa, transforma em ações solidárias sua interação com a sociedade.
Admiro quem, em nome da fé, reconhece o direito à diversidade religiosa e trata com respeito todo e qualquer ser humano, independente de credo, raça, gênero, classe social.
Não entendo quem, em nome de qualquer religião, persegue, agride, desqualifica, ameaça, humilha aqueles que não professam as mesmas crenças.
Abomino quem se utiliza da fé para mentir, distorcer, influenciar as pessoas em benefício próprio.
Como alguém que diz ter fé não enxerga a fome em cada sinaleira de nosso país, defende a tortura, usa as mãos, as mesmas que se juntam em oração, para fazer “arminha”, imita alguém com falta de ar em plena pandemia da Covid-19 que matou tantos asfixiados, desrespeita as mulheres e enxerga em meninas de 14 anos objetos de desejo sexual, ofende, agride, debocha daqueles que não comungam de suas ideias?
Como alguém que tem fé, e vive sua vida fundamentada em valores de justiça, verdade e respeito ao próximo, pode, com seu voto, ungir um candidato à Presidência que aposta no ódio, estimula o conflito, esconde-se em sigilos de 100 anos?
Como podem todos aqueles que têm fé, e não reconhecem em Bolsonaro os princípios básicos de respeito pela vida e pelo ser humano, escolherem calarem-se, omitirem-se?
Deveríamos estar discutindo projetos, planos, alternativas, ideologias, mas, além de aniquilar a direita e os partidos de centro, o atual candidato à reeleição faz da sua escolha pelo ódio instrumento de conflito religioso. Transforma o debate democrático em uma guerra santa, usando argumentos e atitudes nada cristãs.
Fé não se expressa aos gritos. Ela se manifesta em ações. E dele, palavras, mentiras e ações insultam a fé.
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